terça-feira, 14 de maio de 2013

SUB PROJETO DE GEOGRAFIA

A geografia, como disciplina acadêmica e como componente curricular, sofreu um intenso processo de renovação a partir do último quarto do século XX, com implicações profundas nos métodos de abordagem da questão espacial, em seus temas, metodologias de abordagem do problema espacial e, claro, em sua epistemologia. Essa transformação interna da geografia se deu em meio a consolidação do processo de globalização – tributário de uma revolução tecnológica e da reorganização das relações sociais em todos os cantos do mundo – que reorganizou as diversas instituições sociais, dentre elas, a escola. A partir da década de 80 do século XX, um intenso processo de discussão curricular colocou em xeque os conteúdos e práticas das escolas, exigindo mudanças importantes na redefinição de suas finalidades; na seleção e organização de seus conteúdos; e nas práticas educativas. Essa reorganização da educação escolar teve implicações importantes em cada um dos campos de conhecimento que compõem os currículos escolares e, portanto, tem exigido, de todos aqueles comprometidos com o ensino de geografia, um esforço para adequar seus conteúdos e práticas ao novo contexto do mundo globalizado, que tem como caracaterísticas marcantes um aumento significativo na quantidade de informação produzida sobre os mais diversos aspectos do mundo contemporâneo, e no aumento da velocidade com que essa informação circula através das redes instaladas no diversos lugares, ressignificando conteúdos e reorganizando as relações sociais. Essas transformações têm exigido a ampliação do debate entre as diversas formas de conhecimento, e reorganizado o próprio processo de sua produção. Neste sentido, pensar os conteúdos escolares – mais especificamente os da geografia escolar – implica aceitarmos sua “contaminação” com as demais formas de produção de conhecimento, sem que se perca a contribuição que os saberes específicos dessa disciplina têm a oferecer na formação dos indivíduos e na sua inserção na sociedade. Para tanto, consideramos importante reconhecer a escola como um lugar de encontro de culturas (CAVALCANTI, 2002), composto por uma cultura escolar – expressa pelos documentos oficiais: leis, parâmetros, diretrizes, etc.; uma cultura da escola, que se constrói a partir das práticas institucionais – organizacionais e pedagógicas – de cada instituição situada em contexto sócio-espaciais específicos que resultam em seus projetos políticos pedagógicos, suas linhas de trabalho, etc.; e uma cultura dos sujeitos sociais – comunidade, professores e profissionais envolvidos no contexto escolar – que animam e produzem os sentidos para a educação escolar. A presente proposta visa, através de uma perspectiva dialógica, aprofundar a relação entre essas diversas culturas e, a partir desse diálogo, fazer emergir um conteúdo geográfico escolar renovado que contribua para uma aprendizagem significativa dos indivíduos, isto é, que melhore sua capacidade de leitura do espaço (de produzir juízos qualificados acerca do contexto sócio-espacial em que estão inseridos), e que se sintam convidados a nele interferir com o sentido de renová-lo. Para tanto, é necessário introduzir professores e alunos na leitura de fontes diversas de conhecimento, bem como nas diversas possibilidades e métodos de se inquirir a realidade a partir do universo das ciências sociais, com especial ênfase nas fontes da geografia. O subprojeto intitulado O ensino de geografia em tempos de globalização: o mundo em toda parte pretende: 1) Postular a escola pública de Feira de Santana como lugar de produção e troca de conhecimentos, ampliando o debate com o curso de Licenciatura em Geografia da Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS, buscando renovar as práticas educativas da escola contemporânea, com especial ênfase no ensino de geografia; 2) Proporcionar aos alunos e professores envolvidos no projeto um ambiente de reflexão sobre a geografia escolar renovada no sentido de buscar alternativas para seu ensino tanto no que se refere aos conteúdos da disciplina (métodos de abordagem da questão espacial e epistemologia da geografia escolar) como nas estratégias de trabalho. 3) Produção de materiais didáticos para o ensino de geografia que: a) atendam as demandas contemporâneas propostas para a educação escolar (construída a partir do encontro de culturas que interagem na escola); b) utilizem diferentes linguagens (música, literatura, jornais, filmes e outras) em sua confecção; c) se apropriem das novas tecnologias disponíveis no ambiente escolar para o ensino. Tais aspectos serão desenvolvidos em três escolas públicas da cidade de Feira de Santana: Instituto de Educação Gastão Guimarães; Colégio Estadual José Ferreira Pinto e Colégio Estadual Yeda Barradas Carneiro. Para tanto, os graduandos em Geografia deverão desenvolver projetos no âmbito da geografia escolar que aprofundem o diálogo entre as diversas dimensões do conhecimento que circulam nas escolas, a fim de produzir propostas e/ou materiais didáticos sobre a inserção de Feira de Santana e/ou Bahia no contexto da globalização. Para o alcance de tais intentos as ações empreendidas se desdobrarão em três etapas: A primeira etapa será para o entendimento do ambiente escolar como um encontro de culturas. Essa fase do trabalho deverá compreender: 1) através da investigação e análise dos documentos oficiais, o que propõe a cultura escolar oficial no período atual; 2) através da leitura dos documentos institucionais de cada escola, e de entrevistas com os profissionais que nela trabalham, devemos situar a cultura organizacional específica de cada de cada escola; 3) através de pesquisa qualitativa (entrevistas, observações in loco, questinários, etc.) compreender os valores, hábitos e comportamentos que compõem as práticas educativas, bem como as críticas e anseios por mudanças dos diversos grupos sociais que se inserem na escola. Dessa forma, buscar-se-á perceber que influências essa cultura organizacional escolar exerce no cotidiano da sala de aula e em que sentido auxilia ou prejudica o processo de ensino-aprendizagem. A segunda etapa deverá propor uma proposta de trabalho que articule aspectos das três culturas, isto é, a construção de uma proposta pedagógica de orientação para a produção dos materiais específicos da disciplina e/ou popostas de trabalho interdisciplinares. Essa proposta mais ampla deverá articular as diretrizes gerais presentes nos documentos oficiais, a proposta pedagógica específica de cada escola – contemplando os objetivos específicos da unidade escolar -, com o que a comunidade espera da escola como lugar de formação e cultura. A terceira etapa consiste no desenvolvimento e confecção de materiais didáticos em diferentes linguagens que sirvam para o ensino da geografia e/ou para o desenvolvimento de propostas interdisciplinares. A produção desses materiais deverá estar sob a responsabilidade dos estudantes do Curso de Licenciatura em Geografia da Universidade Estadual de Feira de Santana e dos professores das unidades escolares envolvidos no projeto, e sob a supervisão do professor coordenador do projeto. A avaliação dos materiais produzidos – assim como sua utilização em atividades didáticas – deverá ser feita em conjunto pelas partes envolvidas na produção dos materiais e submetida a avaliadores externos – da Universidade Estadual de Feira de Sanata e de profissionais da escola básica – para que possam discutir a adequação dos produtos, e apresentar contribuições contribuir para a reorientação das diretrizes gerais do projeto e/ou dos métodos utilizados nas atividades. 5. Ações Previstas As ações desenvolvidas ao longo do projeto e as práticas interdisciplinares vão se estruturar através de três estratégias: a) As oficinas temáticas de aspectos teórico-metodológicos do ensino de geografia, com o intuito de articular aspectos teóricos das educativas no âmbito da escola. Os sujeitos envolvidos na construção do projeto (licenciandos, professores, supervisores e professor coordenador) deverão promover quatro encontros para discutir os seguintes temas: 1) o processo de renovação da geografia: conceitos e temas; 2) A geografia vai à escola: aproximações e distanciamentos entre saber acadêmico e saber escolar; 3) metodologia(s) do ensino de geografia: entre o velho, o novo e as alternativas; 4) Materiais didáticos: tateando possibilidades. b) Oficinas de produção de materiais: A partir de produção de materiais didáticos em diferentes linguagens articulados às diretrizes das propostas pedagógicas: caderno de campo, produção de textos, materiais em ppt, mapas conceituais, maquete, trabalhos a partir da Cartografia, produzindo albuns de imagens, clipping digital, etc. c) Publicação dos materiais: os sujeitos envolvidos no projeto deverão discutir formas de publicização dos resultados obtidos em exposição e/ou apresentação em meio digitais como blogs, páginas em Internet, redes sociais, e outras. 6. Resultados Pretendidos  Elaboração de artigos científicos que incorporem os resultados das pesquisas desenvolvidas pelos alunos e professores participantes no projeto para publicação em periódicos especializados e apresentação de trabalhos em congressos reconhecidos nacional e internacionalmente;  Oficinas e/ou seminários temáticos elaborados pelos alunos da UFES que participarão do projeto com a orientação dos professores, tendo como base os seguintes eixos: ensino de geografia; produção de materiais didáticos em diferentes linguagens para o ensino de geografia  Produção e publicização das fases de elaboração do processo como um todo por meio de portfólio, documentários ou outros meios.  Produção de materiais didáticos que possar ser utilizados nas escolas em que foram produzidos e/ou em outras unidades de ensino.  Contribuir para a reflexão e discussão de aspectos que envolvam a geografia escolar e o ensino de geografia em Feira de Santana e demais localidades.  Possibilitar uma melhor qualificação do licenciando para atuar nas escolas da educação básica;  Promover o estreitamento das relações entre a UEFS e as Escolas públicas de Feira de Santana.

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